quarta-feira, 13 de abril de 2016

Fouetté, a física explica.




                

Oi Gente!

No terceiro ato de "O Lago dos Cisnes",o Cisne Negro executa uma série aparentemente interminável de piruetas, subindo e descendo na ponta do pé e girando e girando continuamente, por 32 vezes. É uma das sequências 
mais difíceis no balé, e por cerca de trinta segundos, ela lembra um pião humano em movimento perpétuo. Essas piruetas espetaculares são chamadas de "fouettés", que significa "chicoteado" em francês, descrevendo a incrível habilidade da bailarina de chicotear sem parar. Mas, enquanto estamos maravilhados com o fouetté, podemos desvendar sua física?

A bailarina inicia o fouetté empurrando com o pé para gerar torque. Mas a parte mais difícil é manter a rotação. Ao girar, o atrito entre a sapatilha de ponta dela e o chão, e de certo modo entre seu corpo e o ar, reduz o seu impulso. Então, como ela se mantém girando? Entre cada pirueta, a bailarina pausa por uma fração de segundo em frente à plateia. Seu pé de apoio se achata, e, em seguida, gira à medida que sobe novamente para a ponta, empurrando contra o chão para gerar mais um pouquinho de um novo torque. Ao mesmo tempo, os braços se abrem para ajudá-la a manter o equilíbrio.  

Piruetas são mais eficazes se o centro de gravidade dela permanece constante, e uma bailarina experiente será capaz de manter seu eixo de rotação na vertical. Os braços estendidos e o pé gerando o torque ajudam a impulsionar o fouetté.  Mas o segredo, e a razão pela qual você dificilmente nota a pausa, é que a outra perna dela nunca para de se mover. Durante sua pausa momentânea, a perna elevada da bailarina alonga-se e move-se da frente para o lado, antes de se dobrar novamente na altura do joelho. Ao manter o movimento, aquela perna armazena parte do impulso da pirueta. Quando a perna volta em direção ao corpo, o impulso armazenado é transferido de volta para o corpo da bailarina, lançando-a na pirueta quando ela se ergue novamente na ponta. À medida que a bailarina estende e retrai a perna com cada pirueta, o impulso se alterna entre perna e corpo,mantendo-a em movimento. 

Uma ótima bailarina pode conseguir mais do que uma pirueta em cada extensão da perna  de duas maneiras: primeiro, ela pode estender a perna mais cedo. Quanto mais tempo a perna permanecer estendida, mais impulso ela armazenará, e mais impulso ela poderá   trazer de volta ao corpo quando for retraída. Mais momentos angulares significa  que a bailarina pode dar mais piruetas antes de precisar recarregar o que foi perdido com o atrito. A outra opção seria a bailarina trazer os braços ou a perna para mais perto de seu corpo assim que ela retorna para a ponta.

Por que isso funciona? Como qualquer outra pirueta no balé, o fouetté é regido por um momento angular, que é igual à velocidade angular da bailarina multiplicada por seu impulso de inércia. E exceto pela perda ao atrito, o momento angular deve ser constante enquanto a  bailarina estiver na ponta. Isso é chamado de conservação do momento angular. Agora, a inércia rotacional pode ser entendida como a resistência de um corpo ao movimento de rotação. Ela aumenta quando mais massa é distribuída ainda mais a partir do eixo de rotação, e diminui quando a massa é distribuída mais próxima ao eixo de rotação. Então, ao trazer seus braços mais próximos ao corpo, a sua inércia de rotação encolhe Para conservar o momento angular, sua velocidade angular, a velocidade de sua pirueta, tem que aumentar,permitindo a mesma quantidade de impulso armazenado, para que ela gire continuamente.

Você provavelmente já viu patinadores no gelo fazendo a mesma coisa, girando cada vez mais rápido, ao retrair seus braços e pernas. No balé de Tchaikovsky,  o cisne negro é uma feiticeira, e seus 32 cativantes fouettés parecem quase sobrenaturais. Mas não é mágica que os torna possíveis. É a física.

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