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sexta-feira, 24 de setembro de 2021

O que o mundo da dança pode aprender com Simone Biles e a equipe dos EUA


 


Na final  de ginástica das Olimpiadas Tokyo 2020,  Simone Biles retirou-se do evento olímpico  para se proteger e também aos seus companheiras de equipe. Sua corajosa decisão de priorizar sua saúde foi recebida com apoio esmagador, incluindo a ex-ginasta olímpica dos EUA Kerri Strug, que competiu com lesões graves nos Jogos Olímpicos de 1996 e posteriormente se aposentou aos 18 anos.

Teve também os elogios do ginasta russo Artur Dalaloyan, que no evento por equipes masculinas falou sobre sua cirurgia feita em abril/21, e as dúvidas sobre se ele estava saudável o suficiente para competir.

A maioria de nós, dançarinos, tratamos cada apresentação como se fosse uma Olimpíada. Igual as Olimpíadas, o mundo da dança está preocupada com os valores contraditórios como o autocuidado e do heroísmo do "esforço de equipe".

Nós dançarinos, sabemos  que temos uma carreira fugaz e performática,  e quando prejudicamos o "time" pelo qual pertencemos, muitas vezes já nos substituiu. Tentamos resistir a essa dispensabilidade forçando a dor e os ferimentos sem prejudicar ninguém, a não ser o nos mesmos. Em última análise, o que apenas pensávamos ser impossível torna-se inevitável por nosso próprio fazer. Nós nos aposentamos mais cedo do que deveríamos, e com corpos e espíritos esfacelados.

Mesmo quando somos encorajados verbalmente  a nos  cuidar, a nossa cultura de dança atual espera que atuemos a todo custo. As vezes não se prioriza saúde,  e a companhia nem sempre paga as despesas médicas de um jovem dançarino,  que prefere focar em  não perder temporada. Por termos sido condicionados a uma mentalidade das oportunidades, não ousamos arriscar de perder nossas oportunidades de desempenho ou decepcionar nossos colegas de elenco por causa um dedo do pé que não sentimos mais ou de um tornozelos que sentimos uma dor  insuportável.

Como na ginástica, a dança pode ser perigosa e exige que estejamos no nosso melhor. A ironia de atuar a todo custo é que, quando nos forçamos a atuar enquanto estamos machucados, indispostos, ou não estamos no nosso melhor. 

Vamos ser claros, sempre somos a favor da nossa equipe. A carreira dançarino tem um gigantesco esforço de equipe.  Devemos tudo à colaboração, a ajuda mútua, a gentileza e a generosidade dos outros.

A parte mais importante de um esforço de equipe é apoiar um colega de equipe quando ele está deprimido. O esforço da equipe não deve ser prejudicial à sua saúde (física, mental ou emocional), independentemente de você estar dispensando ou recebendo ajuda. E você nunca deve sentir vergonha por precisar de apoio.

Os dançarinos são adaptados para essa cultura de cuidado em equipe. Construímos nossas carreiras sendo adaptáveis! Nós absolutamente podemos - e devemos - nos adaptar para apoiar o acesso um do outro e as necessidades de saúde, e fazer isso não prejudica nossa arte, mas a eleva. A equipe de ginástica feminina dos EUA apoiou Biles e se adaptou às suas necessidades de saúde, e ganhou medalhas olímpicas no processo.

É verdade que isso foi possível porque Biles defendeu a si mesma e confiou em sua equipe, mas ela também só foi capaz de fazer isso porque, como ela disse na coletiva de imprensa postada no NPR, ela "tinha as pessoas certas ao seu redor para fazer isso." E esta é mais uma lição para o mundo da dança.

O ônus do "autocuidado" costuma ser facilmente transferido para o dançarino individual. No entanto, como nosso campo continua mudando na esteira de 2020 e 2021, as companhias podem cultivar o cuidado da equipe como uma responsabilidade coletiva, em vez de apenas individual.

Os diretores criam uma cultura de empoderamento,  que incentiva os dançarinos a falar, e faz com que se sintam ouvidos e que ajam em seu nome. Biles teve o poder de defender a si mesma porque a equipe construiu uma cultura de confiança e cuidado. Se replicado no mundo da dança, os dividendos potenciais podem se estender além do autocuidado para outras questões de justiça social enfrentadas por nosso campo. Mas se não permitirmos que nossos dançarinos façam o que Biles fez, então nosso amor e louvor por ela soam vazios.

Fonte: dancemagazine.com


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