Oi Gente!
Nessa entrevista o bailarino Kevin
Jackson conta como foi a construção do papel do príncipe na recente
montagem do Australian Ballet - A Bela Adormecida (2015). O melhor; Kevin fala de
aspectos e linhas de pensamentos que você poderá seguir para estudar
vários outros personagens. Além de entender melhor este personagem
especificamente.
Como
a narrativa dos repertórios acontece unicamente pela pantomima, a interpretação
precisa ser minuciosamente estudada, estar exatamente de acordo com cada nota
musical e tudo isso dentro da técnica do ballet clássico.
Pensando como o príncipe Désiré:
“ O príncipe Désiré tem uma bela jornada, que
começa solitária até se apaixonar e encontrar uma nova alegria e o mais
profundo e verdadeiro amor.
Eu o vejo como uma alma um pouco perdida que está sempre em busca de algo a mais na
vida, então quando resgata a princesa Aurora e encontra os pais dela, O Rei e a
Rainha, ele também encontra o príncipe que há nele.
A
história se desenha com a Bela Adormecida, o príncipe não é o agente da
história - tudo gira em torno da Fada Lilás e Carabosse, ele nunca está no
controle completo. Então, a coisa mais importante em minha mente é fazer dele
um personagem forte, sem a necessidade de ser um tipo de guerreiro, e o que me
ajuda nessa construção é dar -lhe uma história de fundo que me ajude
a encontrar as características dele.
A
primeira vez em que vi uma produção deste ballet, eu estava prestes a completar
11 anos em Perth, acho que foi com o Kirov. Me lembro de ter sido grande e
opulento, com tudo o que se espera do ballet russo tradicional. No meu primeiro
ano na Escola do Australian Ballet, fizemos o casamento de Aurora e eu era
um cortesão. Em 2005, o Australian Ballet dançou a produção de Stanto
Welch, e eu fiz vários papeis diferentes.”
Sobre ser partner:
“ Como bailarino, estamos sempre em busca
de ajudar a nossa partner a ter um bom aspecto em cena. Nessa versão de
David, o Príncipe tem apenas um pas de deux com a Aurora. Mas no terceiro ato
ela já passou por muita coisa, são dois atos de solos!"
O Adagio da Rosa é incrivelmente difícil
para a bailarina e eu só preciso ser como uma rocha dando o melhor apoio
para ela. O pas de deux deve ser absolutamente lindo e o ponto alto da
noite.
Nós temos parceiros diferentes em diferentes
obras e Lana Jones não era a minha parceira desde de Manon em
2014, então nos primeiros ensaios tivemos que aprender onde colocar o
peso, ou se seria necessário empurrar mais para fora na pirouette, e
ainda pensar coisas como; onde nos olharmos e como iríamos mostrar o nosso amor.
Nesse ballet temos pouco tempo como casal,
ela acorda e logo depois acontece o casamento, não há intervalo! Então
precisamos encontrar uma maneira de construir o amor em cena para torna-lo
realista neste curto tempo."
O
trabalho com o diretor David McAllister:
“É
emocionante ver como ele entrou no papel de coreógrafo tão
facilmente, está inspirado e animado e cada ensaio têm sido edificante,
divertido e cativante."
Gosto
na versão de David, porque ele realmente se envolve com as histórias de contos
de fadas, sendo um leitor ávido - e realmente acredita em um outro mundo.
Sabemos que existem preocupações, mas ele não deixa isso chegar até os
ensaios.
O
trabalho caminhou rapidamente, David pensou sobre isso por um longo tempo,
então sabia o que queria em cada cena e conhece a música
perfeitamente.
Ás
vezes, somos mais reservados com os coreógrafos e temos um certo receio de não
concordar com o que está sendo feito, mas eu estou totalmente comprometido com
a visão de David admirando o que ele faz, dando aquela sensação de
tradição mantendo a grandeza e a mímica clássica. “
O estilo ultra-clássico de Petipa:
“Eu procuro não faze-lo demasiadamente acadêmico,
pois mesmo em um repertório estritamente clássico é preciso haver
fluidez. Não gostaria de ser visto executando passos como na sala de
aula. Quero ser capaz de expressar da maneira mais clara a emoção da história.
Na cena da caça, por exemplo, tenho o solo da
saudade com grande quantidade de saltos controlados e curvas lentas, o que pode
fazer realmente o espectador pensar tecnicamente, mas eu procuro a ligacão
com a Fada Lilás, desejando e procurando algo.
Trata-se de respirar a emoção através dos meus
músculos, buscando o movimento de dentro pra fora.”
A parte preferida do ballet:
"O pas de deux do terceiro ato é tão icônico e
belo! Eu amo as pescadas, a música e as surpresas, assisti-lo é
sempre emocionante pra mim, e dança -lo com Lana me faz sentir confortável, ela
é muito destemida, centrada e confiante, o que torna fácil para mim ler o que
ela vai fazer."
Tradução
e adaptação Milena Pontes - da entrevista original de Rose Mulready |
fonte: The Behind Ballet / http://www.tutu4love.com.br
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